É festa ! Foi dada a largada. Começa a corrida
. E o bendito dia é marcado com gosto na agenda. De vermelho que é para
destacar. Pronto! Agora sim o calendário
tem uma referência especial e digna
de contagem regressiva. Expectativa?
Total! E você que nunca se comportou
assim - pelo menos uma vez na vida - se apresente porque ainda não lhe conheço .
Os famosos ‘’regaaes ‘’
fomentam a nossa ânsia de gente. Geralmente não é para nós mesmos que separamos
a melhor roupa, o calçado mais bonito e o perfume mais caro . É para quem vamos encontrar na balada que caprichamos
na produção pessoal. É por essas pessoas - algumas delas ainda nem conhecemos -
que passamos horas de frente do espelho em um ritual sistematicamente elaborado
e cumprido.
Queremos extrair do
outro tudo aquilo que a rotina nos impede de ter : um olhar insinuante, um sorriso malicioso, um papo
descontraído, beijo sem compromisso, conquista fácil ou apenas calor humano. No
íntimo sabemos que festa é pretexto para preenchermos os nossos vazios existenciais. É
ocasião convenientemente escolhida para celebrarmos as fraquezas e carências
que disfarçamos bem em dias normais.
Eu sei que muitos
discordarão e por mais que me incomode acho saudável. Alguns dirão ; “Ah não,
isso é absurdo. Saio pra me divertir “ . Concordo e ainda acrescento: se não
fosse pelas pessoas você nem colocaria os pés fora de casa. Sem seus amigos,
desconhecidos e futuros affers sua diversão estaria seriamente comprometida. Seremos
vistos, observados, admirados e é exatamente por isso que investimos pesado na
aparência.
Nada contra o agito da
“night”, nada contra irmos á caça de sorrisos, nada contra a nossa necessidade
de felicidade coletiva, nada contra a relação de interdependência que
desenvolvemos com os demais. Assim como não vejo problema em admitirmos o que
costumamos negar com veemência para nós mesmos.
Somente em um fim de um
show, na volta pra casa que me perguntei por que estive ali a noite toda , em
um salto enorme, fazendo calo nos pés depois de um dia inteiro no salão.
Imediatamente me deparei com a realidade que não quis aceitar : esse empenho
todo não teria sentido se não houvesse um ‘’alguém’’ atrelado as minhas
expectativas. Não importa se esse alguém era uma amiga, um conhecido, um
estranho, uma paixonite. O fato é que compreendi que há muitas camadas por trás
de uma aparente atitude , camadas essas que
escondem o que fazemos questão de mantermos no anonimato.
Sim, eu gosto de gente, me produzo para ser
vista, me alimento de encontros e curto
compartilhar calor humano . Mas aprendi com o sapato na mão, andando no
calçamento de madrugada e com olheiras enormes, que investir em si mesmo para
alcançar no outro uma alegria ou o preenchimento das lacunas que nos são
inerentes a alma é uma ilusão. Elas não se fecham mesmo quando na festa rola um
lance incrível numa escada com um cara maravilhoso que fez a madrugada e (o
perfume caro) valer a pena.
Andréia Luciana ( Poetisa Insana )
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