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terça-feira, 19 de junho de 2012

VERSOS E LOROTAS: Mesmo que tenha rolado um lance ....

                                                
É  festa ! Foi dada a largada. Começa a corrida . E o bendito dia é marcado com gosto na agenda. De vermelho que é para destacar. Pronto!  Agora sim o calendário tem uma referência  especial   e digna de contagem regressiva.  Expectativa? Total! E você que  nunca se comportou assim  - pelo menos uma vez na vida  - se apresente porque ainda não lhe conheço .

Os famosos ‘’regaaes ‘’ fomentam a nossa ânsia de gente. Geralmente não é para nós mesmos que separamos a melhor roupa, o calçado mais bonito e o perfume mais caro .  É para quem vamos encontrar na balada que caprichamos na produção pessoal. É por essas pessoas - algumas delas ainda nem conhecemos - que passamos horas de frente do espelho em um ritual sistematicamente elaborado e cumprido. 
Queremos extrair do outro tudo aquilo que a rotina nos impede de ter : um olhar  insinuante, um sorriso malicioso, um papo descontraído, beijo sem compromisso, conquista fácil ou apenas calor humano. No íntimo sabemos que festa é pretexto para  preenchermos os nossos vazios existenciais. É ocasião convenientemente escolhida para celebrarmos as fraquezas e carências que disfarçamos bem em dias normais. 

Eu sei que muitos discordarão e por mais que me incomode acho saudável. Alguns dirão ; “Ah não, isso é absurdo. Saio pra me divertir “ . Concordo e ainda acrescento: se não fosse pelas pessoas você nem colocaria os pés fora de casa. Sem seus amigos, desconhecidos e futuros affers sua diversão estaria seriamente comprometida. Seremos vistos, observados, admirados e é exatamente por isso que investimos pesado na aparência. 

Nada contra o agito da “night”, nada contra irmos á caça de sorrisos, nada contra a nossa necessidade de felicidade coletiva, nada contra a relação de interdependência que desenvolvemos com os demais. Assim como não vejo problema em admitirmos o que costumamos negar com veemência para nós mesmos. 
Somente em um fim de um show, na volta pra casa que me perguntei por que estive ali a noite toda , em um salto enorme, fazendo calo nos pés depois de um dia inteiro no salão. Imediatamente me deparei com a realidade que não quis aceitar : esse empenho todo não teria sentido se não houvesse um ‘’alguém’’ atrelado as minhas expectativas. Não importa se esse alguém era uma amiga, um conhecido, um estranho, uma paixonite. O fato é que compreendi que há muitas camadas por trás de uma aparente atitude , camadas essas que  escondem o que fazemos questão de mantermos no anonimato.

 Sim, eu gosto de gente, me produzo para ser vista, me alimento de encontros e  curto compartilhar calor humano . Mas aprendi com o sapato na mão, andando no calçamento de madrugada e com olheiras enormes, que investir em si mesmo para alcançar no outro uma alegria ou o preenchimento das lacunas que nos são inerentes a alma é uma ilusão. Elas não se fecham mesmo quando na festa rola um lance incrível numa escada com um cara maravilhoso  que fez a madrugada  e  (o perfume caro) valer a pena. 




Andréia Luciana ( Poetisa Insana )

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